Homenagem a companheira Maria do Carmo

“Não te aflijas com a pétala que voa. Também é ser, deixar de ser
assim.”

É com esta frase de um poema de Cecília Meirelles que
iniciamos a despedida da nossa querida Maria do Carmo, a irmã,
mãe, tia, sogra, avó, bisavó, amiga, colega de trabalho,
companheira de lutas. A alegre, bem disposta, sorridente, amorosa,
carinhosa, solidária, generosa, humilde, vaidosa, cuidadosa,
festeira, querida Maria!

A Maria deixou ontem o seu corpo físico. Deixou de ser assim,
esta mulher com todas as suas qualidades e também com seus
pequenos defeitos. Deixou esta matéria para ser apenas espírito,
energia, uma nova forma de ser. Também é ser, deixar de ser
assim…

Mas a Maria que ontem certamente subiu aos céus, e com
toda a certeza nos braços de um anjo, nos deixou seus exemplos,
seus legados. Uma leoa cuidando da família, uma companheira
valorosa na luta sindical, uma mulher aguerrida na defesa da
cultura, uma militante incansável na luta contra o racismo. E em
meio a isto tudo, o quanto a Maria se divertia!

Maria gostava de festas! Planejava seu aniversário,
comemorado em 14 de agosto, em detalhes, todos os anos.
Convidava a todos com dois meses de antecedência, que era para
ninguém marcar nada naquela data e não ter desculpas para faltar
à sua festa! Ela abria sua casa para todos, e era sempre uma festa
tão boa, que cabia todo mundo: velhos, jovens, crianças, amigos e
amigas, parentes e vizinhos, ex-colegas de trabalho, companheiros
e companheiras da luta sindical. Tinha espaço para todos nós
naquele grande coração!

Maria era uma pessoa especial: conseguia agregar pessoas
que pensavam diferente, que agiam diferente, que eram diferentes
entre si. Isto nunca importou para ela, que agregava a todos, com
aquele jeito tranquilo e sincero. Seja na família ou na política, no
movimento sindical, no Hospital das Clínicas, onde viveu 33 anos
de sua vida profissional e deixou sua marca. Sempre voltava lá,
nunca saiu definitivamente do HC, era conhecida e respeitada.
Maria aposentada, levava outros aposentados para se
organizar politicamente em defesa dos seus direitos; levava
também para as viagens, os passeios, os lanches, almoços,
jantares, as festas. Gostava das plenárias em Brasília, dos
encontros e reuniões de aposentados. Gostava também de
reconhecimentos pelo seu trabalho – a sua última foi no Festival
Idoso Protagonista, em Lambari, quando foi homenageada e
recebeu um troféu. Ficou muito orgulhosa disto; sorria e mostrava
para todos o prêmio e as fotos.

Maria mãe zelosa, manteve todos os seus filhos e netos por
perto. Naquele grande terreno onde morava, moram também seus
filhos e filha. Adorava isto, ter todos ao seu redor.
Para falar desta mulher – mãe, avó, bisavó, amiga, colega,
companheira – não haverá palavras suficientes. Há apenas o sentir,
o coração batendo forte, o vazio que ficará, a saudade que nunca
cessará.

Maria do Carmo, não nos esqueceremos de você, nunca. Que
Deus a receba em seus braços e que você tenha o seu merecido
descanso. Vá em paz, que nós, aqui na terra, sempre saberemos
que você apenas deixou de ser assim…

Te amaremos para sempre, querida Maria!

Autora: Neide Dantas

 

Homenagem a companheira Maria do Carmo 1


Disponível em <https://sindifes.org.br/doe-para-o-bazar-de-greve-do-hc-ufmg/> Acesso: 20/04/2024 às 02:35