Professoras de educação infantil de Belo Horizonte recebem manifestações de solidariedade

Professores de educação infantil de Belo Horizonte e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal (Sind-Rede/BH) receberam, na segunda-feira (23) e nesta terça (24), manifestações de apoio do movimento sindical, dos movimentos sociais e populares. Em greve pela equiparação salarial com o ensino fundamental, educadores, maioria mulheres, foram atacadas pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar, no final da manhã de segunda-feira (23), quando faziam manifestação em frente ao prédio da Prefeitura, no Centro de Belo Horizonte. Quando se preparavam para desobstruir as pistas da Avenida Afonso Pena, foram agredidos com jatos d’água, jogados pelo “Caveirão”, veículo blindado que era usado do período da ditadura militar para dispersar manifestantes, e bombas de gás. Os diretores do Sind-Rede Maria da Conceição de Oliveira e Wanderson Rocha foram arrastados, imobilizados e presos.

“Ontem e hoje aconteceram muitas manifestações de solidariedade com professoras e professores de educação infantil. O apoio veio de todo do país À medida que viram os vídeos e as fotos, ficaram perplexos com a truculência com que os professores foram tratados. A solidariedade veio de centrais sindicais, dos sindicatos, de muitos profissionais da categoria. Foi algo muito dramático. Vejam só, 99% dos manifestantes eram mulheres. Eles sabiam disso. Eu avisei no gabinete do prefeito”, disse Maria Conceição de Oliveira, diretora do Sind-Rede/BH.

“Fomos arrastados, imobilizados. Wanderson foi algemado dentro do camburão. Ficamos o dia inteiro detidos, sem receber nenhuma alimentação. Tudo que nós, diretores, sofremos a gente supera. O que não pode ser esquecido é o ataque que a categoria sofreu. Não vamos esquecer que mulheres foram atacadas com jatos d’água e bombas. As centrais sindicais, toda a classe trabalhadora e a sociedade não pode aceitar que nenhum trabalhador seja tratado como se não fosse gente, como se fosse um lixo a ser removido. Precisei me abaixar para não me desequilibrar com o jato d’água e ainda me arrastaram. Foi uma coisa surreal, muita violência. Estamos coletando dados, vídeos e depoimentos e estudando ações contra o prefeito, o governador e a Polícia Militar. Só hoje tivemos acesso às imagens e começamos a coletar provas”, denunciou a dirigente.

“Na delegacia, não podíamos sair da sala. Até para ir ao banheiro éramos escoltados por policiais. O Batalhão de Choque fez um boletim de ocorrência (BO) e um tenente-coronel foi ouvido pelo delegado. Ele disse que a ordem era desobstruir a via. E nós simplesmente não aceitamos e, por isso, usaram jatos d’água e bombas. As imagens mostram o contrário do que o oficial disse. Quando o ‘Caveirão’ veio para cima, estávamos saindo. Eles continuaram com força total, com jatos d’água e bombas. E me prenderam porque tentei impedir que arrastassem e prendessem o Wanderson. Pelo boletim de ocorrência, meu processo será por desobediência e obstrução de prisão”, acrescentou.

Apesar da truculência dos policiais militares, a luta de professoras e professores da educação infantil abriu nova negociação com a Prefeitura de Belo Horizonte. “A Prefeitura nos chamou para negociação, agora, no final do dia. Esperamos que seja atendida nossa principal reivindicação, que é a carreira única para a educação infantil.”

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Disponível em <https://sindifes.org.br/dia-nacional-de-nao-aos-cortes-da-educacao-e-ciencia-21-de-junho/> Acesso: 29/03/2024 às 10:10