Servidoras e servidores públicos do Estado vão às ruas para protestar contra atraso e parcelamento de salários

“Sem salário, sem trabalho”, “Atrasar o atrasado é inaceitável”, “Educação merece respeito”, “Trabalhador na rua, Pimentel a culpa é sua”, “Pimentel não pagou, a saúde parou”. Estas foram algumas das bandeiras e palavras de ordem de servidoras e servidores da saúde e da educação em ato unificado realizado na manhã desta quarta-feira (16), em Belo Horizonte, contra o parcelamento dos salários, pelo pagamento no quinto dia útil e repudiar a atitude do governo de adiar para esta sexta-feira (18) o pagamento da primeira parcela dos salários.

Educadoras e educadores, que paralisaram as atividades nesta quarta-feira, só vão retornar ao trabalho se a primeira parcela for paga nesta sexta-feira (18), conforme o governo do Estado anunciou na terça-feira (15). Trabalhadoras e trabalhadores do Instituto de Previdência do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), que estão em greve desde a última sexta-feira (11), também só encerram o movimento se receberem os salários. No início da tarde, servidores do Hemominas decidiriam pela paralisação das atividades.

Na manifestação desta quarta-feira (16), se uniram ao Sind-UTE/MG e ao Sind-Saúde/MG, que convocaram o ato conjunto, a Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), sindicatos CUTistas, entre eles o Sindieletro-MG, Sindipetro-MG e Sindifes; Brigadas Populares, Levante Popular da Juventude, entidades estudantis, Aduemg, Sisipsemg, Sintsprev, Sind-Rede BH, entre outras.

A concentração começou às 9 horas, na Praça da Liberdade, onde o protesto aconteceu em frente ao Palácio da Liberdade. Em seguida, houve marcha até a Praça Sete para dialogar com a população no trajeto e cobrar do governo do Estado a regularização do pagamento. A manifestação se encerrou no início da tarde, mas as categorias seguirão mobilizadas. Vão construir novas ações conjuntas e manter a unidade na luta pelos seus direitos. Além de paralisações e protestos, serão criados Varais da Vergonha, em que cópias das contas dos servidores, que se acumulam com os atrasos de pagamentos, serão expostas. Um deles ficará na Praça da Liberdade.

”Construímos esta unidade contra o adiamento do adiamento do pagamento do salário, o parcelamento e pelo retorno do pagamento ao quinto dia útil. Quando fizemos a greve que durou 40 dias e foi suspensa no dia 18 de abril, esta pauta estava presente em nossas reivindicações. A cada mês, a data da primeira parcela fica mais distante do quinto dia útil. Notificamos o Estado para que a educação permaneça paralisada até o pagamento da primeira parcela. Precisamos reagir em conjunto, ter uma reação coletiva, fortalecer ações”, disse Beatriz Cerqueira, coordenadora geral do Sind-UTE/MG e presidenta da CUT/MG.

“O governo informa que até sexta sai o pagamento e sabemos que ele nem sempre cumpre o que promete. Por isso, temos que nos organizar para dar um basta nisso. Estamos falando da sobrevivência das pessoas. É muito grande o que estamos vivendo, sermos obrigados a fazer a luta por um direito fundamental, que é receber pelo seu trabalho. Sigamos fortes, com a unidade necessária”, afirmou Beatriz Cerqueira.

“Durante a assembleia geral de segunda-feira (14), na Assembleia Legislativa, aprovamos a realização de ato conjunto com a educação e com as demais categorias do serviço público estadual. Paralisamos as atividades por um dia e seguimos mobilizados na luta pelo retorno do pagamento no quinto dia útil. Trabalhadoras e trabalhadores da Fundação Hemominas vão fazer assembleia hoje e devem parar até que recebam a primeira parcela dos salários. Neste momento tão difícil, o governo ainda anunciou que pagaria, primeiro, a segurança e a Fhemig. Isto é um absurdo. Com relação à saúde, eu avisei aos representantes do governo que a saúde é sistêmica, ou seja, que teria que todo o conjunto do funcionalismo na mesma data. Estamos e continuaremos nas ruas. Estamos indignados, não aceitamos o parcelamento”, afirmou Renato Barros, da direção do Sind-Saúde/MG.

“Lutamos também por concurso público, pois atendemos a mais de 900 mil beneficiados e nosso quadro de funcionários está extremamente reduzido, com apenas dois mil servidores, quando já fomos mais de 6 mil. Sem concurso público não há como melhorar o atendimento. Os salários dos servidores do Ipsemg são os menores. O Ipsemg está pedindo socorro. Estamos em greve desde a última sexta-feira (11), com escala mínima, e só voltaremos a trabalhar se for regularizado pagamento. Queremos também que o governo nos devolva a autonomia administrativa e financeira”, afirmou Maria Abadia de Souza, presidente do Sisipsemg.

“O governo não nos trata de maneira isonômica. Privilegia algumas categorias. A educação e a saúde têm sido atacadas, quando estão em luta pelos seus direitos. Os direitos dos professores não podem ser deixados de lado. E nossa luta também é pela manutenção de universidades, como a Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), que vêm sendo sucateadas”, disse Juliana Guimarães, diretora da Aduemg.

Comunicado

Em comunicado divulgado na noite de terça-feira (15), o governo afirmou que o pagamento da primeira parcela dos salários irá acontecer no dia 18 de maio (esta sexta-feira). Os servidores da Fhemig receberam seus salários na quarta-feira (16). Os sindicatos criticaram o loteamento da folha de pagamento e a seletividade do tratamento do governo. Em decisão comunicada durante o ato, a educação irá manter a paralisação até o dia do pagamento, já que as promessas do governo Pimentel para o servidor só têm garantia na efetivação concreta. Servidores da Hemominas farão uma assembleia no início da tarde para decidir sobre a proposta de continuar a escala mínima até o recebimento (na sexta).

Com dez dias de atraso, os salários não acompanham as contas dos servidores. Já são dois anos de parcelamento. Na época, o governo anunciou a medida como uma forma paliativa de regularizar as contas do Estado e que teria data de validade. O grito que unificou as vozes dos servidores do Estado na quarta-feira (16) foi para exigir do governo de Minas Gerais que pague os salários do funcionalismo até o quinto dia útil do mês, além do fim dos escalonamentos. Este atraso dos já atrasados salários recai sobre os servidores que têm que tirar parte dos seus baixos salários para arcar, ainda, com os juros das contas que não são pagas em dias.

A suspensão dos salários do funcionalismo neste mês pelo governo ocorreu com o argumento da gestão de verificar irregularidades na folha de pagamento apontadas em lista do Tribunal de Contas do Estado (TCE) que trazia nomes (da educação e da saúde) com supostos acúmulos indevidos de cargos. De acordo com a informação veiculada nos meios de comunicação na semana passada, os servidores que tivessem o nome na lista do Tribunal, teriam seus salários suspensos até que provassem inocência nas irregularidades apresentadas.

Sem voltar a mencionar a decisão anterior de suspender os pagamentos para apurar irregularidades, o governo anunciou na terça-feira (15) a quitação da primeira parcela dos salários do mês de abril para todo o funcionalismo que recebe acima de R$ 3 mil e o pagamento integral de quem recebe até o valor de R$ 3 mil na sexta (18). Trabalhadores da Fhemig e da Polícia Militar receberam quarta-feira (16). Os erros na lista estão sendo contestados pelos sindicatos que foram ao TCE para alertar sobre a medida desastrosa do governo de suspender os salários.


Disponível em <https://sindifes.org.br/base-do-sindifes-assembleia-de-greve-28-de-marco-16h-online/> Acesso: 28/03/2024 às 10:42