Audiência Pública questiona nomeação do professor que perdeu as eleições para a reitoria da UFVJM

Nesta quinta, dia 5, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizou uma Audiência Pública no auditório da reitoria da UFVJM, em Diamantina, para debater a nomeação do professor Janir Soares para reitor, mesmo ele tendo ficado em quarto lugar na consulta à comunidade universitária. A audiência foi convocada pelo mandato da deputada estadual, Beatriz Cerqueira (PT-MG), após a solicitação do SINDIFES em conjunto com a ADUFVJM e DCE-UFVJM.

Para o representante da ADUFVJM, o professor João Vinícios, o projeto do professor Janir é pessoal, não tem um processo coletivo de construção e isto implicará nas ações da gestão. “Porque é tão nociva a nomeação de um reitor não eleito? Fica evidente nessa escolha, ainda que amparada legalmente, o total desprezo pelo processo democrático, pela escolha da comunidade acadêmica. O processo foi transparente e contou com vários eventos e a chapa composta pelo professor Janir teve menos de 6% dos votos da comunidade”, disse ele.

Ernesto Elias, do DCE-UFVJM , lembrou que Bolsonaro fez na UFVJM o que já havia feito em outras universidades. “Não podemos ficar calados, esta audiência é uma das maneira de resistência e de demonstramos que a comunidade não ficou calada, mesmo que o processo de nomeação tenha sido feita às escuras, no período de férias dos estudantes. O projeto que está na reitoria é um projeto contrário à UFJVM e o contra o povo do Vale do Jequitinhonha [e do Mucuri] e se for preciso ocuparemos a reitoria para impedi-lo”, finaliza.

“O governo fez errado? Fez, mas quem errou mais é quem aceitou fazer a quebra do pacto democrático. E foi isso que aconteceu. Quando você quebra o pacto democrático, não podemos esperar nada, pois pior do que quem indica, é quem articula para ser o indicado”, avalia Cristina del Papa, coordenadora geral do SINDIFES. Segundo ela, é importante que a comunidade faça a resistência e entenda que um grupo se articulou para tomar o poder na UFVJM por meio de um golpe.

Tatiana Andrade, coordenadora do Núcleo de Base do SINDIFES, acredita que a nomeação do professor Janir foi feita para que ela assine o Future-se, projeto que foi rejeitado por grande maioria da Comunidade Universitária. A deputada estadual, Beatriz Cerqueira (PT), presidenta da comissão e autora do requerimento de audiência criticou a nomeação do professor Janir e informou que ele foi convidado para a Audiência e não informou se poderia participar. “O professor Gilciano é uma pessoa querida pela comunidade acadêmica, foi um processo de grande representatividade sua eleição. É importante dar voz a sua indignação”, destacou. “O sentimento é de indignação, pois foram seis meses de eleição, mais de cem reuniões, cinco debates, para nada. Para o quê foi feito tudo isto então? O que aconteceu foi muito grave”, conta o reitor da UFJVM, Gilciano Nogueira. Ele ainda explicou que tentaram atacar ele de todas as formas, inclusive levantando mentiras 

contra ele.

Ao final da audiência foi encaminhado que as notas taquigráficas sejam enviadas para o Ministério da Educação, para a Câmara dos Deputados e para o Conselho Universitário da UFVJM como meio de dar ciência a todos sobre a insatisfação da Comunidade. O segundo encaminhamento foi questionar a intervenção partidária na autonomia universitária em todas as esferas e articular nacionalmente nos parlamentos estaduais e na câmara federal uma resposta a estes ataques.

O candidato mais votado foi o então reitor Gilciano Nogueira, que obteve quase 50% dos votos, enquanto Janir Soares, que já assumiu o cargo, teve menos de 6% dos votos válidos. Ao longo dos anos, a lista tríplice tem sido respeitada pelos governos, que sempre nomearam o primeiro da lista. Em outras 11 instituições federais, entre as quais a Universidade Federal do Triângulo Mineiro, também não foi observada a classificação dos candidatos para a nomeação dos reitores, rejeitando sempre o mais votado.

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