Psicanalista Letícia Lanz reflete sobre conceitos de sexo, gênero e orientação sexual

Fonte: UFMG

“A relação entre os conceitos de sexo, gênero e orientação sexual está tão naturalizada que se tornou usual empregar um termo no lugar do outro”, observou a psicanalista Letícia Lanz, que falou sobre o assunto em mesa temática na tarde de hoje, no auditório da Reitoria, como parte da Semana do Servidor.

A conferencista explicou que o “sexo” é definido biologicamente como macho, fêmea ou interssexuado, de acordo com o órgão genital do indivíduo, ao passo que o “gênero” (masculino ou feminino) corresponde à “coleção de papéis, expectativas e tarefas” assumidas. A orientação sexual, por sua vez, diz respeito à preferência física, erótica ou afetiva, e varia entre heterossexual, heterossexual, bissexual ou assexuado.

Pessoas e cyborgs
A palestrante explicou que, assim como os cyborgs, personagens típicos dos filmes de ficção científica, as pessoas da contemporaneidade também são “híbridos de máquina e carne”. “A vida dos humanos mudou drasticamente como o advento da tecnologia”, pontuou, mencionando as cirurgias plásticas, próteses estéticas e medicamentos como instrumentos de rompimento dos “limites entre a cultura e a natureza”.

“O corpo tornou-se flexível, capaz de ser esculpido, formatado e estilizado conforme o estilo de vida escolhido”, afirmou Letícia. Para ela, tal contexto de maior autonomia sobre o corpo serviu de ponto de partida para que, nos dias atuais, as pessoas tenham a prerrogativa de “ser quem realmente são” – e não aquilo que aprenderam a ser, desde o nascimento.

Até os 50 anos de idade, Letícia Lanz era conhecida pelo nome de batismo, Geraldo. Casado e pai de três filhos, manteve sua orientação sexual, mesmo depois de assumir a identidade feminina. “Sempre me interessei sexualmente por mulheres. Ao mesmo tempo, nunca me senti à vontade me comportando como os homens”, relatou, completando que seu convívio familiar e social não alterou após sua transformação de gênero.

“Historicamente, a sociedade trata a diversidade como adversidade”, lamentou a psicanalista, que se define como uma multiplicadora da concepção de rompimento com os rótulos de gênero e sexo. “Existem inúmeras expressões de gênero, que correspondem à forma como a pessoa se mostra ao mundo. Todas devem ser tratadas com o mesmo respeito”, defendeu.


Disponível em <https://sindifes.org.br/assembleia-tematica-discutira-qualificacao-dos-tae-do-cefet-mg-nesta-quinta-26/> Acesso: 26/06/2025 às 21:15