Terceiro dia de Seminário tem debate acalourado sobre combate as opressões
O terceiro dia do XXIV Semiário Nacional de Segurança foi tomado pela discussão sobre o Combate as Opressões. Os debatedores abordaram temas como violência contra as mulheres, LGBT, negros e outras minorias; também entraram em assuntos que geraram polêmicas e fizeram os vigilantes e demais participantes refletirem sobre as formas mais simples de opressão.
O coordenador de Políticas Sociais e Anti-racismo, Rogério Fidelis, iniciou os debates fazendo um histório sobre a chegada dos primeiros negros ao Brasil e seu papel na sociedade. “Os primeiros negros chegam como escravos e após a assinatura da Lei Áurea são ‘libertos’ jogados a rua, sem trabalho, sem casa, sem terras, a mercê da própria sorte. Neste momento há uma necessidade de organização”, diz ele que reafirma a importância deste desenvolimento para justificar a situação atual de negros e negras, principalmente como são vistos, hoje, na sociedade.
“O racismo é uma das formas de opressão que advém de quem tem o poder para exercer a opressão. Não há racismo entre negros e negras porquê eles não tem poder para exercer esta opressão. O que acontece é que o negro introjeta esta cultura racista, e por se achar inferior e incapaz, reproduz esta cultura”, explica Rogério. Para ele, por meio de movimentos organizados, de resistência, e as ações afirmativas é possível mudar este cenário, que já está modificado em relação as décadas anteriores.
A estudante Nathália Ferreira, do Nepem da FAFICH-UFMG, abordou a questão da opressão contra as mulheres apresentado dados alarmente. “O Brasil é o sétimo país em femicidios, que são crimes cometidos contra as mulheres. Estes crimes são acompanhandos da tolerância a violência em todos os níveis”, explica. Segundo ela, um suposto elogio ou uma piada machista são formas de agredir e oprimir as mulheres, e a tolerância a estas ações aumentam a probabilidade de passarmos a aceitar agressões verbais, psicológica e por fim as físicas.
A pesquisadora do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT da FAFICH-UFMG, Liliane Caldeira, utilizou o espaço para apresentar sua visão sobre o tema. Ela é transsexual e além de estudar e ser pesquisadora na UFMG tem sete anos de convívio do campus pampulha. “Aqui dentro da Universidade a opressão começa de cima para baixo, pelos doutores nas salas de aula. Há também a opressão dos alunos, inclusive dos gays e lésbicas que são de uma classe econômica alta”, explica. De acordo com Liliane, ela sempre foi bem recebida pelos vigilantes, inclusive quando foi para fazer denúncias, mas a Polícia Militar, junto com a guarda municipal, é quem mais comete violências contra os gays, lésbicas, bisexuais e transgênero.
“É preciso começar a trabalhar estas questões de assédio. As vezes eu assedio um segurança para ele perceber como a menina se sente com ele a assedia. A minha forma de sensibilizar transita de outra forma, talvez pelo meu amadurecimento, pois antigamente eu levava na base do grito e não acho que se resolva no grito”, analisa ela, que pede para que o diálogo continue e que as discussões possam evoluir, mantendo-se o respeito a diversidade.
Ao final das falas foram abertas as inscrições aos participantes. A discussão acalorada tomou conta do seminário e impossibilitou a realização da mesa sobre “Saúde do Trabalhador e Qualidade de Vida. A mesa foi suspensa após o debate ser encerrado às 13h30. A programação da quinta-feira, dia 17, continua inalterada. Clique aqui para conferir.
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Disponível em <https://sindifes.org.br/assembleia-tematica-discutira-qualificacao-dos-tae-do-cefet-mg-nesta-quinta-26/> Acesso: 26/06/2025 às 23:03