Ato em defesa das usinas da Cemig em Miranda
Milhares de pessoas, entre integrantes de movimentos sociais e sindicais, protestam dentro da usina de Miranda, no Triângulo Mineiro. A ocupação aconteceu na manhã desta sexta-feira (18). O ato é em denúncia à tentativa de privatização de 4 usinas mineiras que estão prestes a serem leiloadas pelo governo federal. A ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, já tem data marcada para vender as hidrelétricas, 27 de setembro.
Miranda é uma das 4 usinas que estão para leilão. A hidrelétrica, que fica no município de Indianópolis (MG) a 63 km de Uberlândia, tem capacidade para gerar 408 MWH. Ao todo, as 4 usinas que estão para venda; Volta Grande, Jaguara, Miranda e São Simão correspondem à 50% de toda a energia gerada no estado. Para Jefferson Silva, presidente do Sindieletro – Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais, a venda das hidrelétricas e um ataque ao povo.
“Nós não vamos deixar o Temer vender estas usinas. Elas são do povo mineiro, já foram pagas por nós e não vamos entregá-las para o leilão. A venda das hidrelétricas pode levar a Cemig à completa privatização e consequentemente à precarização e terceirização dos nossos trabalhadores. Estamos mobilizados e não vamos permitir esse ataque! ”
Entenda
Temer pretende leiloar as usinas mineiras para arrecadar R$ 11 bilhões. Movimentos sociais e sindicais denunciam que se a venda acontecer, a conta de energia dos consumidores pode aumentar. Isto porque o edital de leilão das usinas prevê que o valor pago pela compra das hidrelétricas seja descontado na conta de luz dos consumidores. Ou seja, a empresa que arrematar o leilão vai, ao longo do período de sua concessão, descontar na conta de energia o valor pago pela compra das usinas.
Além de exigir o cancelamento do leilão, os manifestantes também querem a criação de um fundo social com o dinheiro excedente da geração de energia dessas usinas. Para se ter uma ideia, de acordo com o que está proposto no leilão, 70% do que será arrecadado com as hidrelétricas será destinado para o lucro da empresa dona da concessão e também para o banco que financiar a compra das usinas. Os movimentos exigem a criação de um Fundo Social para que todo dinheiro excedente arrecadado comas hidrelétricas seja investido em ações sociais para o povo mineiro, a exemplo do que foi feito com o Fundo Social do Pré-Sal.
“Não aceitamos este leilão! Queremos que as usinas continuem sob controle total da Cemig e que ela reduza o valor da tarifa de energia. Exigimos também que todo o dinheiro excedente dos custos de manutenção e operação destas usinas fique para o povo mineiro, com a criação do Fundo Social para Minas Gerais.” afirma Pablo Dias, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
Resistência
Para organizar a luta contra a privatização das usinas, trabalhadores do campo e da cidade estão articulados em uma Plataforma Operária e Camponesa de Energia. A Plataforma é uma iniciativa de caráter nacional que articula trabalhadores pela luta da soberania energética no país, como por exemplo, a luta contra a privatização da Petrobrás. Em Minas Gerais, a pauta principal da articulação tem sido o combate à privatização do setor elétrico, imposta por Michel Temer.
Ao longo de todo o primeiro semestre foram realizados seminários em mais de 12 regiões do estado, explicando o que está acontecendo com as usinas mineiras e conscientizando a população sobre a importância de combater este leilão. Agora, os participantes destes seminários estão envolvidos na ocupação das usinas.
Minas Gerais unida contra o leilão das usinas
A defesa das usinas da Cemig foi pauta na tarde de quinta-feira (17), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Em audiência pública realizada na casa, deputados estaduais e federais reafirmaram o discurso em defesa da estatal mineira e contra o leilão das hidrelétricas.
Promovido pela Comissão de Minas e Energia da ALMG, o debate foi aberto pelo presidente da comissão, deputado João Vítor Xavier (PSDB), que apresentou uma carta dos parlamentares de oposição contra o leilão das usinas. Ele também afirmou que a “a luta pelas hidrelétricas está acima de qualquer disputa partidária”.
O deputado estadual Rogério Correia (PT) também anunciou, durante o evento, que a Frente Mineira em Defesa da Cemig conseguiu o apoio de 100% dos deputados estaduais e dos parlamentares mineiros no Congresso Nacional contra o leilão das usinas da Cemig.
“A Frente [Mineira em Defesa da Cemig] tem forca política e de luta muito grande e reunirá, amanhã, deputados de vários campos políticos e ideológicos. Essa unidade lembra a que foi construída em defesa de Furnas e que também saiu vitoriosa,” relembrou.
Rogério se referia ao Ato em Defesa das Usinas da Cemig, que acontece nesta sexta-feira (18), na Usina Hidrelétrica de Miranda, no Triângulo Mineiro, às 13h30. O movimento teve com um dos seus principais idealizadores o Sindieletro-MG, que segue para o local com uma comitiva de eletricitários (as) para a fazer a luta em defesa das usinas.
Também participaram da audiência a presidenta da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), Beatriz Cerqueira, o diretor do Sindieletro-MG e secretário da CUT/Minas, Jairo Nogueira Filho, o representante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Joceli Andrioli, além de representantes da Cemig, do governo do Estado e de movimentos sociais e sindicais.
Entre os deputados federais presentes estavam Padre João e Adelmo Leão, ambos do PT, e a deputada Jô Morais, do PCdoB. A parlamentar destacou que o Governo Federal pode até tentar vender as usinas, mas o povo brasileiro não irá entrega-las. “O conjunto das forças de Minas foi representado na audiência realizada no STF, com o ministro Dias Tofolli, e a força dessa unidade dá sinais de que podemos ter vitórias na luta para não entregar a Cemig”, afirmou a deputada.
“A venda seria a materialização da política do governo ilegítimo iniciada em 2016 para tapar buracos das anistias para o setor rural e outros. Resistir à venda da Cemig tem um simbolismo muito maior”, finalizou Jô.
A Lei 13.360, editada em 2016 pelo governo Temer, também foi duramente criticada durante o evento. Para o Sindieletro-MG, a legislação foi criada com o objetivo de estabelecer condições para a entrega do patrimônio público para a iniciativa privada e o mercado financeiro. No caso do setor elétrico, o resultado seria a implementação de um programa basicamente rentista e voltado para o lucro, transformando em mercadoria um setor fundamental para o desenvolvimento econômico e social.
Nesse sentido, o diretor do Sindieletro-MG, Jairo Nogueira Filho, destacou que a venda das usinas retiraria 50% da capacidade de geração de energia da Cemig. Jairo alertou, ainda, que enquanto mundo afora países blindam seus setores de energia, no Brasil ocorre o contrário, com uma política de entrega total do patrimônio nacional.
“Se os chineses ganharem um possível leilão, a população sofreria bastante, já que o preço do megawatt dispararia, fazendo a conta de luz praticamente triplicar, alertou. “Por isso, não vamos entregar as usinas, mesmo que haja leilão”, concluiu.
Escrito por: Sindieletro-MG
Notícias Relacionadas
Disponível em <https://sindifes.org.br/cefet-mg-realiza-assembleia-sindical-geral-nesta-quarta-25/> Acesso: 26/06/2025 às 08:48