XXIV Confasubra: avaliações de conjuntura indicam a derrota do bolsonarismo como prioridade para a classe trabalhadora

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No segundo dia do XXIV CONFASUBRA, realizado em 18 de maio, em Brasília, uma mesa de discussão foi dedicada à análise da conjuntura política, econômica e social, com foco nos desafios da Classe Trabalhadora. Representantes de diferentes forças políticas apresentaram teses que abordaram os aspectos relevantes nessas áreas. A luta para derrotar o bolsonarismo e a necessidade da unidade foram consenso em todos os membro da mesa.

Entre os participantes da mesa estavam João Paulo Ribeiro (CTB/Fasubra), Diego Weidemann Rache Vitello (CSP-Conlutas), José Maria Castro (CUT/Fasubra), Valério Arcary (Resistência/PSOL), Marcelino Rodrigues (Fasubra), Rosângela Gomes Soares da Costa (Fasubra) e Gecira Di Fiori (Ressignificar).

O debate propiciou uma análise aprofundada do cenário atual e suas implicações para os trabalhadores, permitindo a troca de ideias e perspectivas entre os participantes. Essa discussão contribuiu para o enriquecimento das reflexões e a definição de estratégias voltadas para a defesa dos interesses da Categoria.

Zé Maria, representando o UNIR, ressaltou a importância da deliberação de ter apoiado Haddad, em 2018, em oposição a Bolsonaro e que mesmo tendo perdido o processo eleitoral, foi mantido o respeito à Democracia. A partir desta derrota, iniciou-se um processo de diálogo com a sociedade, posicionando-se como oposição ao projeto político que resultou em mais de 600 mil mortos na pandemia, intervenções em 26 universidades brasileiras, ataques aos servidores e aos serviços públicos. “A linha de frente de luta contra a PEC 32 fomos nós, das universidades, com o conjunto dos servidores públicos, e a unidade foi fundamental para destruir o projeto da PEC 32”, afirma.

Ainda segundo Zé Maria, a FASUBRA acertou ao ser uma das primeiras entidades sindicais a declarar apoio à candidatura do presidente Lula, em 2022, em oposição à reeleição de Bolsonaro. “Derrotamos eles nas urnas, mas o projeto deles ainda não foi derrotado. Ainda temos entre nós, servidores públicos, colegas que apoiam o bolsonarismo. Precisamos continuar na luta para derrotar o projeto bolsonarista. Dia 8 de janeiro é a demonstração deste projeto, de tentativa de golpe e tomada de poder à força, e não o fizeram porque a maioria dos militares não apoiaram”, analisa.

Zé Maria reforçou a importância de construir uma unidade entre os trabalhadores do setor público e enfatizou a necessidade de avançar na mesa permanente de negociação e estabelecer uma mesa específica para a reestruturação da carreira, abrangendo ativos e aposentados, pois considera que todos são trabalhadores técnico-administrativos em educação. Além disso, pontuou a importância de a FASUBRA se sindicalizar à Central Única dos Trabalhadores, pois isso proporcionaria um espaço de intervenção, inclusive no atual governo. “Reafirmo a importância do processo negocial e a reabertura imediata da pauta de educação e da reestruturação da nossa carreira; da recomposição salarial que precisa avançar; da autonomia das nossas universidades; que somos contra a EBSERH, pois é uma política equivocada de manutenção da estatal; da garantia do piso nacional da enfermagem e a revogação das portarias e decretos-lei que atacaram a classe trabalhadora”, disse ele.

Gecira Di Fiori, representando o Ressignificar, destacou a importância de um exercício coletivo para compreender a conjuntura atual, em especial no contexto do modo de produção capitalista e suas contradições. “A contradição que mais salta aos olhos é a contradição do capital e trabalho, nós não estamos numa luta qualquer, o capital cada vez mais ataca o trabalho retirando direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras, retirando conquistas históricas da classe trabalhadora, e cada vez fica menos ganhando mais em detrimento de uma ampla maioria, alguém tem dúvida do que estamos passando? Alguém tem dúvida de que estamos numa barbárie?”, questiona ela.

Para Gecira, a discussão central, na atual conjuntura, é a defesa da democracia e a soberania nacional, visando à independência financeira e econômica do país. “A discussão que temos que fazer é de soberania nacional, de independência financeira econômica ou se queremos continuar sendo o celeiro do mundo. O arcabouço fiscal vem numa linha de tentar salvar e reconstruir um país destruído pela lógica de mercado, onde os neoliberais se aproveitaram do governo para extrair o máximo de lucro de um capital financeiro em detrimento de um capital produtivo e o resultado disso está sendo miséria, desemprego, PIB baixo, retirada de direitos, combate ao sindicalismo e organizações sindicais”.

João Paulo, pela CTB, pontuou que nos últimos anos, a América Latina tem experimentado nuances progressistas em vários países, marcados por uma luta contra o neoliberalismo e a busca por políticas mais inclusivas e igualitárias. No Brasil, essa trajetória teve um marco importante com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o golpe de 2016 e quatro anos de atrocidades cometidas por um genocida que levou o país à destruição. Muitos reconhecem que, se esse indivíduo fosse reeleito, a situação seria ainda pior, colocando em risco a vida de muitos brasileiros.

Ele avalia que o movimento sindical enfrenta obstáculos significativos, como a falta de negociação coletiva e o financiamento sindical. Enquanto entidades patronais como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação do Comércio possuem recursos financeiros e liberdade plena de ação. “Precisamos construir uma unidade para derrotar o fascismo e o liberalismo e para enfrentar a conjuntura. Temos que sair deste congresso com uma plataforma revolucionária e de ação para enfrentar a extrema direita”, afirmou.

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Diego Vitello, do Combate e CSP-Conlutas, alerta que o projeto bolsonarista visa restringir as liberdades democráticas, calar os trabalhadores e proibir greves e direitos de organização e ainda que tenha sofrido uma derrota eleitoral, segue presente no país e que somente a prisão de Bolsonaro poderia reduzir a força da extrema direita.

O país enfrenta uma grave decadência, com mais da metade da população economicamente ativa na informalidade devido à retirada de direitos, como a reforma trabalhista. Além disso, mais de 100 milhões de brasileiros, correspondendo a 45% da população, não têm acesso à rede de esgoto. Essa situação é resultado das políticas implementadas nos últimos anos. A destinação de menos de 0,08% do orçamento federal para o saneamento básico e o fato de 46,8% do orçamento ter sido destinado ao pagamento da dívida pública no ano passado são aspectos preocupantes. Para o movimento sindical, é crucial compreender quem está se beneficiando dessa situação e qual política deve ser apresentada.

Vitello aponta como saída para a crise a desbolsonarização do país, a revogação das medidas econômicas aplicadas pelo governo Bolsonaro e a revogação das reformas previdenciárias e trabalhistas, do teto dos gastos e das terceirizações. Ele ainda explica que com a auditoria da dívida pública, o governo terá capacidade de investimento para suprir as necessidades da população.

Valério Arcary explicou que os movimentos políticos de esquerda estão divididos em três grupos, o primeiro que é oposição ao governo Lula e o centro da tática é alertar os trabalhadores e trabalhadoras para os limites e ataques desse governo. Um segundo grupo, oposto a este, quer garantir a estabilidade do governo, apoiando incondicionalmente mesmo diante de acordos e atos que gerem tensão. Há um terceiro grupo que prega a independência, nem oposição e nem adesão incondicional.

“Nessa análise de conjuntura avaliamos que estamos aliviados, mas vamos ser honestos, Lula venceu por pouco, a bola bateu na trave e entrou, diferença da votação presidencial foi dois milhões de votos. Toda a esquerda radical que idealizou que Bolsonaro, depois do negacionismo da pandemia, era um cadáver em sepulcro, errou; estavam errados. Hoje, 18 de maio, um em cada três brasileiros sustenta a corrente bolsonarista. O centro da tática é derrotar o bolsonarismo”, afirma.


Disponível em <https://sindifes.org.br/fasubra-proxima-reuniao-da-mesa-especifica-e-temporaria-sobre-carreira-sera-no-dia-22-de-fevereiro/> Acesso: 26/04/2024 às 23:09