Tiririca vai render ao partido R$10,8 milhões em quatro anos
O deputado eleito vai render mais de cinco vezes o valor aplicado na campanha
BRASÍLIA – Ao fazer do palhaço Tiririca sua principal aposta eleitoral em São Paulo o PR o transformou não apenas em um puxador de votos, mas também em “puxador de dinheiro” para a legenda. Os mais de 1,3 milhão de eleitores que consagraram o deputado eleito valerão para a legenda cerca de R$ 2,7 milhões por ano no rateio do Fundo Partidário. Se contados os quatro anos de mandato, a soma pode chegar a R$ 10,8 milhões.
Esse “bônus Tiririca” equivale a mais de cinco vezes o valor aplicado pelo partido na campanha do candidato, na qual se apresentou como “abestado” e celebrizou o slogan “pior que tá, não fica”.
O Fundo Partidário é formado por recursos públicos e dividido de acordo com a votação de cada legenda.
Graças ao desempenho eleitoral deste ano, o Partido da República – chamado por alguns de seus próprios líderes de “Partido de Resultados” – vai elevar de 4,5% para cerca de 7,5% a fatia no bolo de R$ 201 milhões do fundo. Sua receita anual deve subir de cerca de R$ 8 milhões para pelo menos R$ 14 milhões.
Tiririca, que teve 6,4% dos votos para a Câmara dos Deputados em São Paulo, é o principal responsável por esse avanço, mas não o único. Em outros quatro Estados o deputado federal mais votado é do PR. Três deles tiveram até mais eleitores que o palhaço, em termos proporcionais – um exemplo é o ex-governador Anthony Garotinho, que teve 8,7% dos votos no Rio.
Nos últimos quatro anos, o PR ampliou a bancada na Câmara de 23 para 41 deputados.
Em Minas Gerais, o partido conta com sete deputados federais, uma das maiores bancadas do Estado. Além disso, é comandada pelo ex-vice-governador, Clésio Andrade, presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT).
A formatação nacional do PR para a próxima legislatura vai elevar em 64% seu tempo de televisão e seu cacife nas negociações de alianças tanto para a composição do novo governo quanto para as próximas eleições.
O desempenho da legenda é resultado de uma estratégia que tem como figura central o deputado reeleito Valdemar Costa Neto (SP). Mentor da candidatura Tiririca, ele levou o partido a conquistar votos de eleitores desencantados com a política e com escândalos que, paradoxalmente, envolveram o próprio PR. Costa Neto é réu no processo do mensalão e, em 2005, renunciou ao mandato para evitar a cassação.
Na televisão, o puxador de votos do PR fez do deboche do mundo político sua plataforma de campanha. “O que é que faz um deputado federal? Na realidade, eu não sei. Mas vote em mim que depois eu te conto”, afirmou Tiririca, em uma de suas primeiras aparições. Enquanto o humorista celebrava a ignorância com relação ao próprio papel, seus correligionários comemoravam o acerto da aposta: já no início de setembro ele aparecia em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto para a Câmara. E a estratégia deu certo.
Questionado sobre a futura aplicação dos recursos extras, o PR informou que ela atenderá “aos parâmetros que sempre orientaram a legenda, com ênfase para a inserção social do partido e a difusão dos ideais republicanos”.
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Disponível em <https://sindifes.org.br/assembleia-tematica-discutira-qualificacao-dos-tae-do-cefet-mg-nesta-quinta-26/> Acesso: 28/06/2025 às 14:32