UFMG HOMENAGEARÁ TAE PERSEGUIDOS PELO REGIME MILITAR.

Em 2024 o Golpe Militar de 1964 completou 60 anos. O regime que instalou-se no Brasil pelos 20 anos seguintes foi marcado pela censura e pela perseguição política à oposição, que culminou na prisão de militantes que lutavam pela redemocratização do país. Foi neste momento histórico que Irany Campos, em 1970, e Elza Pereira, em 1969, ambos Técnicos-Administrativos em Educação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, foram forçados a se afastarem da comunidade universitária para se tornarem refugiados políticos.

Na efeméride do Golpe, a UFMG homenageará Irany, Elza e outros membros da comunidade, cujas trajetórias acadêmicas foram impactadas pelo regime, como parte das comemorações pelo centenário da instituição. As homenagens serão prestadas na Sessão Solene do Conselho Universitário, que será realizada na próxima terça-feira, dia 24 de setembro, a partir das 19h, no auditório da Reitoria, localizado no campus Pampulha (Av. Presidente Antônio Carlos, 6627 – Pampulha).

Ao lado de Irany e Elza serão homenageados também o professor Marcos Magalhães Rubinger da Faculdade de Ciências Econômicas, exonerado em 1966 e o professor João Batista dos Mares Guia, do Departamento de Sociologia e Antropologia, impedido de assumir em 1977. Os estudantes Gildo Macedo Lacerda (1949-1973), do curso de Economia; Idalísio Soares Aranha Filho (1947-1972), do curso de Psicologia; Walkiria Afonso Costa (1947-1972), do curso de Pedagogia; e José Carlos Novaes da Mata Machado (1946-1973), do curso de Direito, serão diplomados postumamente.

O SINDIFES convida a todos os trabalhadores e todas as trabalhadoras da base a participar deste momento importante de reconhecimento da luta de Irany e Elza, servidores da nossa Categoria, que lutaram pela redemocratização do país.

Conheça Irany e Elza, TAE que serão homenageados:

Irany Campos nasceu em 1938, na cidade de Conselheiro Pena, localizada no Vale do Rio Doce em Minas Gerais. Em 1958 passou a integrar o corpo dos Técnicos-administrativos em Educação da Escola de Medicina da antiga Universidade de Minas Gerais, hoje UFMG, como Laboratorista. Desde pequeno, quando ainda era jornaleiro, participou de diferentes atividades políticas. A partir de 1964 militou ativamente contra o regime militar, inclusive em ações de luta armada com o Comando de Libertação Nacional (COLINA).

Em 1970 foi exilado no Chile, como um dos presos políticos trocados pela liberdade, no famoso sequestro do embaixador suíço. Após vários anos no exílio, tendo passado por países como Cuba, México, Alemanha, Angola e Portugal, Irany pode voltar ao Brasil por conta da Lei de Anistia.

Já no período de redemocratização do Brasil, Irany participou ativamente da Associação dos Servidores da Universidade Federal de Minas Gerais (Assufemg) e da criação do Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino (SINDIFES). Inclusive, já ocupou o cargo na Diretoria Educação Política e Formação Sindical do SINDIFES, durante as gestões 2008-2010 e 2010-2012.

Elza Pereira, filha de operário militante, sempre engajado em organizar e participar do movimento grevista, nasceu em Sorocaba (SP), no ano de 1944. Mudou-se para Belo Horizonte em 1967, quando ingressou na Faculdade de Odontologia da UFMG. Para custear seus estudos, Elza trabalhava como auxiliar no Laboratório de Clínicas Médicas da Faculdade de Medicina da UFMG. 

Durante sua permanência na universidade fez parte do Movimento Estudantil, quando foi presa em duas ocasiões. Na primeira, por participar do Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), realizado em Ibiúna (SP), em 1968. Na segunda ocasião, por estar presente em uma reunião na Sede Social do DCE, que debatia o aumento do preço das refeições oferecidas pelo Restaurante Universitário da UFMG. Elza foi membro do grupo “Corrente” e da Ação Libertadora Nacional (ALN).

Logo após ter sido liberada, Elza foi avisada por um companheiro de trabalho que militares estavam esperando-a próximo ao “Relógio de Ponto” para prendê-la novamente. Neste momento, Elza refugiou-se no Uruguai, Chile e na Argentina. Em 1977, com a Lei de Anistia, pode retornar ao Brasil e retomar a Faculdade de Odontologia, aos 35 anos. Entretanto, desempregada e sem condições de manter-se na cidade, Elza foi obrigada a abandonar o curso e voltar para Sorocaba, sua cidade natal.


Disponível em <https://sindifes.org.br/receita-federal-alerta-para-golpe-via-correspondencia/> Acesso: 26/06/2025 às 11:21