IRANY CAMPOS E ELZA PEREIRA, TAE DA UFMG, SÃO HOMENAGEADOS POR SUA LUTA CONTRA A DITADURA PELO CONSELHO UNIVERSITÁRIO
Na noite desta terça-feira, 24 de setembro, o Conselho Universitário da UFMG realizou Sessão Solene para homenagear Irany Campos e Elza Pereira, Técnicos-Administrativos em Educação e os professores Marcos Magalhães Rubinger da Faculdade de Ciências Econômicas, João Batista dos Mares Guia, do Departamento de Sociologia e Antropologia, todos exonerados por sua luta contra a Ditadura Militar e realizar a diplomação póstuma dos estudantes Gildo Macedo Lacerda (1949-1973), do curso de Economia; Idalísio Soares Aranha Filho (1947-1972), do curso de Psicologia; Walkiria Afonso Costa (1947-1972), do curso de Pedagogia; e José Carlos Novaes da Mata Machado (1946-1973), do curso de Direito, assassinados pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). O evento foi realizado no auditório da Reitoria da UFMG, localizada no campus Pampulha, além de contar com transmissão ao vivo pelo canal do Youtube. Mais de 300 pessoas acompanharam presencialmente à cerimônia.
Irany e Elza receberam a homenagem após uma intensa mobilização organizada pelo SINDIFES, que incitou a criação de uma comissão da UFMG que revisou o tratamento para com os trabalhadores Técnico-Adminsitrativos, Docentes e Estudantes que estiveram na luta contra a Ditadura. No caso dos Trabalhadores Técnico-Administrativos, havia, ainda, a necessidade de uma reparação histórica, pois ambos foram exonerados por perseguição politica e não tiveram sua readmissão reconhecida.
A comissão foi composta por Cristina del Papa, coordenadora geral do SINDIFES; Wellington Marçal de Carvalho, representante do SINDIFES junto ao Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos (Conedh); Helder de Castro Bernardes Barbosa, coordenador da pasta de Carreira e Relações do SINDIFES; Neide da Silva Dantas Mendes, coordenadora da pasta de Comunicação Sindical do SINDIFES; e Anália Das Graças Gandini Pontelo, que já integrou a Diretoria Executiva do SINDIFES por vários mandatos e atualmente faz parte do Conselho Fiscal do Sindicato. Elza Pereiria não pode comparecer ao evento por questões pessoais e, por isso, foi representada por Wellington Marçal.

Da esquerda para a direita, Helder, Anália, Irany, Neide e Wellington. Cristina del Papa não pode comparecer à cerimônia por conta de compromissos da FASUBRA Sindical, em Brasília.
A mesa foi composta pela reitora, professora Sandra Regina Goulart Almeida; pelo vice-reitor, professor Alessandro Fernandes Moreira; pelo Deputado Federal Rogério Correia, representando a liderança do Governo na Câmara dos Deputados; a Presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Manuella Mirella; o reitor da UFMG durante a gestão 2006 à 2010, professor Ronaldo Tadeu Pena; e o reitor da UFMG durante a gestão 2014 à 2018, professor Jaime Arturo Ramírez.
Em sua fala, Manuella Mirella parabeniza à UFMG pela diplomação póstuma dos estudantes, assim como já realizada por outras instituições de ensino superior, como a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade de São Paulo (USP). Ela também lembrou da história de luta e resistência do movimento estudantil, que segue viva ainda hoje, quando pediu o julgamento e prisão dos militares que atuaram durante a Ditadura.
Em sua fala Irany Campos lembra que a anistia foi concedida apenas aos professores e estudantes, sem contemplar os Técnico-Administrativos em Educação. E completa: “Eu fui anistiado pela minha Categoria. E não tem coisa melhor do que ser anistiado pela Categoria”, mas agradece e parabeniza o Conselho Universitário pela homenagem: “Eu recebo essa homenagem muito satisfeito porque eu vejo aqui hoje a Democracia na UFMG”. Finaliza seu discurso declarando seu amor pela instituição e agradece Mário Márcio, presidente da Assufemg, pela acolhida para retomar a militância junto ao movimento dos TAE da UFMG.
O professor João Batista dos Mares Guia discursou em seu nome e do professor Marcos Magalhães Rubinger. Ao se lembrar de toda a perseguição por eles sofrida e do exílio vivido, mesmo em gerações distintas, o professor celebra a UFMG pela homenagem, considerada por ele um ato de coragem. A Professora Antônia Vitória Soares Aranha, irmã do aluno Idalísio Soares Aranha Filho e docente do Departamento de Química, discursou em nome dos familiares dos estudantes diplomados. Em sua fala, ela buscou as palavras do irmão para lembrar da importância de sua luta e de seus companheiros e fabular sobre os rumos que suas vidas teriam seguido, caso não tivessem sido interrompidas pelo regime de exceção.
Nilmário Miranda, representante da Ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, reafirmou o compromisso do Ministério em seguir com a Comissão da Verdade, reconhecer as centenas de ossadas sem identificação, julgar os mais de 7000 processos da anistia e retificar os atestados de óbitos em que consta a Lei 1940 como causa da morte.
A sessão foi encerrada com uma fala da reitora Sandra Goulart, que destacou que a cerimônia tem como objetivo honrar e celebrar a coragem, luta e a memória dos homenageados, que foram sacrificados em nome da liberdade de a democracia, valores tão caros para a instituição. A professora também estende a homenagem a todos os outros membros da comunidade universitária, cujas as vidas também foram impactadas pelo Regime Militar, mas que não foram homenageadas na ocasião pelo Conselho Universitário. Ela finaliza, lembrando a célebre frase proferida pelo Deputado Federal Ulysses Guimarães, quando da Promulgação da Constituição Federal de 1988: “Temos ódio à Ditadura, ódio e nojo”.
A cerimônia completa está disponível no canal do Youtube da UFMG:
Confira alguns registros!
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Disponível em <https://sindifes.org.br/plenaria-nacional-realiza-homenagem-em-memoria-do-ex-coordenador-paulo-henrique/> Acesso: 26/06/2025 às 11:31