Um ano do ataque da PF a UFMG – Não podemos esquecer!

Um ano do ataque da PF a UFMG - Não podemos esquecer! 1

No dia 6 de novembro de 2017, a Polícia Federal levou, coercitivamente, o reitor da UFMG, professor Jaime Arturo Ramirez, e a vice-reitora, professora Sandra Goulart de Almeida, e outros membros da comunidade universitária para depor sobre o Projeto do Memorial da Anistia, executado pela UFMG, sob demanda do Ministério da Justiça.

A forma como a operação “esperança equilibrista” foi conduzida gerou grande revolta na comunidade universitária e sociedade. Enquanto jornais e emissoras de tv faziam um jornalismo sensacionalista, a comunidade universitária da UFMG se mobilizava para resistir ao ataque.

A Direção do SINDIFES, técnico-administrativos em educação, entidades estudantis e professores se articularam para realizar um ato contra a ação e rapidamente, um grupo de mais de 100 pessoas já estavam em frente à Polícia Federal pedindo esclarecimentos sobre o caso. Para a coordenadora-geral do SINDIFES, Cristina del Papa, a ação da PF foi truculenta, desproporcional e inaceitável. “O professor Jaime (Ramirez) foi jogado no chão e o delegado tentou algemá-lo. A professora Sandra foi levada sem poder ser acompanhada pelo marido. Foi negado o direito de serem acompanhados pelos advogados. As professora Rocksane e Heloísa, o professor Alfredo, a Silvana que é técnica-administrativa, foram da mesma forma. Entraram na casa do Antônio de Assis e levaram seu computador. Foi difícil ouvir o relato da brutalidade que fizeram com eles na reunião do Conselho Universitário”, relembra a reunião do Conselho no dia 7 de dezembro.

Mais tarde, em conjunto com a Central Única dos Trabalhadores – CUT-MG – foi organizado uma coletiva de imprensa para denunciar o abuso das autoridades. Segundo Cristina, a investigação deveria ter sido feita seguindo os critérios da lei. “Não somos contra as investigações, somos contra a forma que estão sendo conduzidas. Ninguém foi convocado para dar depoimento antes, não tiveram acesso ao processo e nem sequer sabiam o porquê de estarem sendo levados. Não houve presunção de inocência e nem direito à defesa”, explica.

A coordenadora-geral do SINDIFES, Neide Dantas, acredita que o ataque é fruto de uma tentativa de desqualificação das instituições federais de ensino. “É um processo de desconstrução da imagem das instituições para apresentar a sociedade universidade corruptas e que podem ser sucateadas e privatizadas. Foi assim na Federal de Santa Catarina e agora na UFMG. Não por acaso, o alvo da ação é o Memorial da Anistia, que aborda um tema, a ditadura, ainda tão difícil de tratar no Brasil”.

Ataque da PF ao reitor da UFSC acabou com suicídio político

Durante a mobilização contra a forma que a Polícia Federal agiu, membros da comunidade universitária lembraram do caso em que o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, professor Luiz Carlos Cancellier foi preso, posteriormente afastado do cargo e impedido de entrar no campus, em setembro deste ano, na Operação Ouvidos Moucos.

Mesmo sem provas contra ele, a polícia continuou a ofensiva e retaliação. Até que, em outubro, em um ato político, Luiz tirou sua vida em shopping de Florianópolis. Ainda não há indícios e nem provas contra o reitor, o que por si, já não justificaria a prisão.

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Disponível em <https://sindifes.org.br/comissao-eleitoral-define-estrutura-de-apoio-presencial-para-votacao/> Acesso: 26/04/2024 às 10:04