IRANY CAMPOS, TAE DA UFMG, RECEBE HOMENAGEM DO CONEDH NESTA QUINTA PELA SUA LUTA CONTRA A DITADURA

Irany Campos, Técnico-administrativo em educação aposentado da UFMG, recebeu o Diploma Diva Moreira, na noite desta quinta-feira, 20 de junho, em cerimônia realizada no auditório da Faculdade de Direito da UFMG, localizada na região central de Belo Horizonte. O Diploma foi criado pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos (Conedh) com o objetivo de homenagear vítimas da Ditadura militar, além de pessoas e instituições que lutam e militam pela democracia no país.

Wellington Marçal de Carvalho, TAE da UFMG e representante do SINDIFES junto ao Conedh, foi um dos idealizadores da homenagem. Para Marçal, Irany é uma inspiração para todos os colegas neste ano simbólico, de memória pelos 60 anos do Golpe Militar: “o Irany é de uma relevância fundamental, incontornável, para o país que nós temos hoje. E sendo um integrante do segmento dos Técnico-administrativo em educação, a sua luta é simbólica para a nossa Categoria, porque ele é um exemplo vivo de que também os Técnicos da Universidade lutaram, assim como pessoas dos outros segmentos que a compõem, para que alcançássemos a democracia e a redemocratização do nosso país.”

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À mesa da cerimônia, estiveram presentes o Prof. Robson Sávio Reis de Souza, presidente do Conedh; representando a Reitora da UFMG, Profª. Sandra Regina Goulart Almeida, a Profª. Maria Guiomar da Cunha Frota, Diretora da Universidade de Direitos Humanos/PROEX/UFMG; a Vice Diretora da Faculdade de Direito da UFMG, aProfª. Mônica Sette Lopes; a Deputada Estadual Beatriz Cerqueira, em nome da  Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais; Nilmário Miranda, Chefe de Assessoria Especial  de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania; e Diva Moreira, homenageada que empresta seu nome ao Diploma. 

Também foram homenageadas a ex-presidenta Dilma Rousseff, a deputada federal Célia Xakriabá, primeira mulher índigena eleita para a Câmara dos Deputados, o Instituto Helena Greco, a militante histórica do PCdoB, Gilse Cosenza e o assessor especial do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, Nilmário Miranda.

Em sua fala, Diva agradece o reconhecimento pelo seu trabalho baseado no caráter Ubuntu, que preza pela coletividade. Ela também agradece e se recorda das pessoas que a acompanharam ao longo de sua trajetória de militância. Por fim, ela destaca a importância da luta pelos Direitos Humanos durante os anos de chumbo, mas reforça que o Estado de Exceção é permanente para a população negra e periférica, de forma que a luta deve ser também classista e anti-racista.

Conheça a história de Irany.

Irany Campos, Técnico-administrativo em educação aposentado da UFMG recebeu a homenagem pela sua militância ativa contra a Ditadura Militar, inclusive em ações de luta armada com o Comando de Libertação Nacional (COLINA). Em 1970 foi exilado no Chile, como um dos presos políticos trocados pela liberdade, no famoso sequestro do embaixador suíço. Após vários anos no exílio, tendo passado por países como Cuba, México, Alemanha, Angola e Portugal, Irany pode voltar ao Brasil por conta da Lei de Anistia.

Já no período de redemocratização do Brasil, Irany participou ativamente da Associação dos Servidores da Universidade Federal de Minas Gerais (Assufemg) e da criação do Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino (SINDIFES). Entre 2008 e 2012 ocupou o cargo na Diretoria de Educação Política e Formação Sindical do SINDIFES.

Quando questionado sobre a importância de receber essa homenagem diante do crescimento da extrema direita na contemporaneidade, Irany responde ser  “extremamente importante essa reunião, porque nós estamos meio dispersos e não estamos percebendo que enquanto nós estamos dispersos, a Direita está trabalhando. Então isso aqui pode virar na cabeça de muita gente para pensar que pode vir outro 64. Os 60 anos podem virar outra coisa porque a desorganização social que nós estamos vivendo é triste.”

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Quem é Diva Moreira?

Diva Moreira é mineira de Bocaiuva, Norte do Estado, neta de escravizado, filha de empregada doméstica e de um pai “inexistente”, começou nas lutas sociais desde cedo e atuou na reforma sanitária e na luta anti-manicomial nos anos 1970. Atuou no movimento de Mulheres pela Anistia política e pela redemocratização do país. Fundou, no fim dos anos 1980, a Casa Dandara, um centro de educação e cultura para a população negra de Belo Horizonte.

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Disponível em <https://sindifes.org.br/manifestantes-ocupam-as-ruas-de-belo-horizonte-em-repudio-ao-golpe-militar-de-64/> Acesso: 30/06/2024 às 20:38